tag:blogger.com,1999:blog-313133092024-03-07T14:11:04.453-05:00RascunhoEsse blog não nasceu para polemizar ou engessar nenhuma de minhas opiniões. Aliás, eu nem gosto muito da palavra opinião. Dá impressão de idéia estanque sobre alguma coisa. Eu tenho sim meus sentimentos a respeito do que vejo, do que experimento, e até algumas convicções. Mas sei que tudo, absolutamente tudo nessa vida pode mudar. Inclusive o que eu escrever neste blog...Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.comBlogger49125tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-78244586145123448782008-11-21T16:02:00.003-04:002008-11-25T09:14:47.592-04:00JrSempre que eu olhar para uma foto do Jr verei um sorriso. Porque o Jr era assim mesmo, um menino sorridente. Morreu jovem, guri, como dizem por aqui. Deixando todos nós atônitos diante deste mistério que é a vida. Inevitável a pergunta que todos se fazem. Tantos mau caráters vivendo muito além do que mereciam. Enquanto ele, um cara aburdamente gente boa partiu em meio a tanto sofrimento. Nestas horas, melhor é apegar-se a uma crença divina, melhor é acreditar que agora ele está melhor do que todos nós e que tudo isso tem um pr0pósito. Senão, fica uma amargura muito grande, um sentimento de injustiça, de que isso aqui não tem sentido algum...<br />Mas para além da indignação, da tristeza, do sentimento de uma perda prematura ao extremo, de um vazio imenso, ficam lembranças e mais lembranças de uma pessoa sensacional, divertida e muito querida. Das muitas imagens que guardo do Jr, todas têm sempre um sorriso. É assim que eu quero lembrar dele. E também do dia em que me senti muito mal na redação e ele foi o único que veio até mim e me aconselhou a levantar a cabeça, uma palavra amiga em meio a um silêncio assustador.<br />Mesmo que seja para sentir essa tristeza, mesmo que seja para sentir essa dor, que bom que eu conheci você!!!!!<br />E mais, não dá pra escrever<br /><a href="http://aycu15.webshots.com/image/45254/2005524091127511291_rs.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 112px; CURSOR: hand; HEIGHT: 150px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://aycu15.webshots.com/image/45254/2005524091127511291_rs.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-46553588869940287932008-11-18T09:10:00.003-04:002008-11-18T09:31:46.815-04:00Podia ser Bee GeesRiobaldo, o sábio jagunço de Grande Sertão Veredas conclui que "toda saudade é uma forma de velhice". Ele tem toda razão. Tenho resitido ao pulso de não ser saudosista. Não entrar na onda "anos 80" que decretou a supremacia sobre as décadas seguintes, como se depois daqueles anos esquisitos tudo mais tivesse perdido a graça. Não se faz mais rock, não se brinca mais, a tv ficou comercial de mais e por aí vai...Será mesmo? Não sei, nem estou interessada. Quero apenas preservar minhas lembranças, sem julgamento pretencioso de uma geração para outra. Somente evocar minha memória afetiva, afinal, nos anos 80 eu era adolescente. Vivi meus amores, dores e descobertas. Agora, por exemplo, enquanto escrevo aqui, ouço The Cure. Nada é capaz de me trazer de volta o espírito adolescente do que essa banda, época em que ser dark era o máximo. Robert Smith, o perfomático líder de voz chorosa, lamentava a perda de uma garota e o fato de que garotos não choram. Ouvi "Boys don't cry" incansavelmente. Nada mudou. Eles continuam chorando menos do deviam, a gente mais do que devia. Mas não estou afim de entrar nas questões de gênero agora...Voltando ao Riobaldo, quando a gente começa a ter lembranças de 20 anos atrás, saudade do que passou, a velhice já começou a se instalar dentro de nós. Por sorte, ainda sinto um horizonte maior do que o aquilo que o meu retrovisor aponta. Conforta-me essa imagem, embora eu saiba que não há nenhuma garantia.<br />Sendo assim, posso ouvir The Cure em paz. Podia ser pior, podia ser Bee Gees...Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-21671578340461810922008-11-17T17:38:00.003-04:002008-11-17T17:52:57.753-04:00Bala Xaxá<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4dnZpMmzRTb7xhA_zKBEgHzFSzsF7Ph-7-WgcC0f0cKowBFAGG3DIuasmdGNn2C6j2nXKoc2G2Mh3c0d7kb0KVhEMRfXcUx3L9gp590rYTuuwCttiLGNBGbcbLCnZyo_oGDM4/s1600-h/xaxa2.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5269744413398659394" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 198px; CURSOR: hand; HEIGHT: 237px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4dnZpMmzRTb7xhA_zKBEgHzFSzsF7Ph-7-WgcC0f0cKowBFAGG3DIuasmdGNn2C6j2nXKoc2G2Mh3c0d7kb0KVhEMRfXcUx3L9gp590rYTuuwCttiLGNBGbcbLCnZyo_oGDM4/s320/xaxa2.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><p>Sonhei, do nada, com a bala xaxá. Eu não sabia que a essa bala tinha alguma importância pra mim, tanto tempo guardada no meu incosciente. Eu tinha uns 6, 7 anos. Ela fazia parte do trio que deliciosava a garotada nos anos 70/80: soft, sete belo e a xaxá. Mas por que essa bala estava no meu incosciente??? Será que devo passar por uma sessão de hipnose para descobrir?</p><p>Acabo de assisitr ao filme Quando Nieztsche chorou. Uma viagem criada por um psicanalista autor de best sellers (putz, esqueci o nome do cara): nasceria de um encontro imaginário entre o filósofo e o médico alemão Breur (com a participação luxuosa do jovem Freud) a chamada "cura pela fala", mãe da psicanálise. Pois os dois ilustres - Breuer e Nieztsche - desabafam um para o outro suas obsessões, angústias e medo (sobretudo da morte) e vão trazendo do inconsciente aquilo que escodiam de si próprios. O filme mergulha na mente dos personagens e mostra sonhos alucinantes. Pois eis que depois de assistira a toda essa viagem psicanalítica eu só consigo sonhar com as balas xaxá. Deve haver alguma explicação. Vou arriscar:</p><p>- Eu queria, mas não tinha dinheiro pra comprar essas balas?</p><p>- A última vez que chupei uma bala xaxá aconteceu algo marcante em minha vida...</p><p>Quem sabe sonho de novo. Vou ficar pensando no gosto. E se eu ficar deprimida? Nunca mais chupar uma bala xaxá em minha vida? Será que eu aguento?</p>Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-57624169765774947442008-09-18T18:22:00.002-04:002008-09-18T18:25:05.635-04:00RessureiçãoFaz exatamente 1 ano e meio que não escrevo neste blog...<br />Nossa, tanta coisa mudou em minha vida, nem os meus cabelos, acho que nem a minha voz continuam os mesmos...Mudei de cidade, abandonei o jornalismo na verdade, abracei os estudos literários...<br /><br />...hummmm tem um pizza cheirosa me chamando...volto depois...não vou demorar tanto dessa vez....Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-64748181727836769532007-03-25T15:47:00.000-05:002007-03-25T15:59:26.252-05:00CicloA vida, dizem, é um ciclo. Faz sentido. Nascemos, crescemos, evelhecemos, morremos. Vejo claramente um ciclo em tudo. Eu acabo de voltar ao jornalismo diário. Depois de tantos caminhos interessantes, outras direções, sou, de novo, uma repórter. Exatamente por onde comecei. E vou revivendo o que essa profissão tem de mais interessante. Uma conexão brutal com a realidade. No jornalismo diário, conhecemos tudo. Mazelas, sofrimentos, probreza. Esperança, solidariedade. Vida e morte. Saí do meu mundinho e fui novamente plugada a vida como ela é...Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-22590811573612738302007-03-04T06:34:00.000-05:002008-12-11T23:20:51.892-04:00Crime e Castigo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRSDhJss69FXU_hiC4EWslvnV7knSkbyYsguJQFp9fdsNAeyal9UkKVXhY5aSeZoejDg5FDm8j0FPeUfCqdtB0HbSxAhusc54XffDaXrHAg-hI0kWMVb0GGk2PWz3wVbduZArw/s1600-h/Crime_castigo_cinema.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5038032067280587730" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRSDhJss69FXU_hiC4EWslvnV7knSkbyYsguJQFp9fdsNAeyal9UkKVXhY5aSeZoejDg5FDm8j0FPeUfCqdtB0HbSxAhusc54XffDaXrHAg-hI0kWMVb0GGk2PWz3wVbduZArw/s320/Crime_castigo_cinema.jpg" border="0" /></a><br />Sigo firme e obstinada na missão de transpor os anos de ignorância literária e mergulhar nos clássicos que deixei de ler. Acabo de concluir Crime e Castigo, depois de exatos 1 ano e meio em minha cabeceira. É um livro pertubador e por isso mesmo tantas vezes o mandei para o final da fila, privilegiando leituras mais amenas. Por fim, persisti. Vi outro dia alguém dizendo que não se aprende com livros, mas tem-se uma experiência. Minha sensação é a de ter mergulhado num fosso sufocante, pequeno, úmido - como o porão onde o Raskolnikóv morava - e de ficar me debaendo para encontrar uma saída. E no último instante, com poucas esperanças, uma luz me tirou desse buraco. Esforço-me para não cair na conclusão simplista de que o amor, afinal, redime. Ele, de fato, redime. Mas a coisa não é tão simples. Será que Dostoievski quis dizer que no fundo somos todos "piolhos" e que o esforço para pairar acima do bem e o mal, com coragem para agir como se bem entende é inútil? Seríamos todos piolhos, sempre, em qualquer cirscuntância? Ainda não quero racionalizar. Quero curtir a experiência dessa obra, que mais tarde, vou reler para tentar entendê-la. Por enquanto sigo impregnada por esses personagens que, em algum momento de minha vida, sou capaz de encontrar dentro de mim. Especialmente as mulheres. Todas. A louca, a abnegada, a crédula - na alternância dos meus sentimentos e na maneira de reagir à vida. Volto ao tema outra hora, já refeita dessa emoção. <div></div>Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-74994224193573746642007-02-27T16:11:00.000-05:002008-12-11T23:20:52.124-04:00Sensibilidade na tela<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkF3JjvFIPqC-a27q-Pd4Y0GqqOeCjJdRJ-YGBohCsMEhVUfejNqbb76OB8PTJJtqUnc-8jRzv373wM36snapWPaYiQQbm_3zWsBLWmu-kDIwvEruzLCQLScrtHoc7zAK8ZMtg/s1600-h/pequena+miss.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5038039390199827426" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkF3JjvFIPqC-a27q-Pd4Y0GqqOeCjJdRJ-YGBohCsMEhVUfejNqbb76OB8PTJJtqUnc-8jRzv373wM36snapWPaYiQQbm_3zWsBLWmu-kDIwvEruzLCQLScrtHoc7zAK8ZMtg/s320/pequena+miss.jpg" border="0" /></a><br /><div>Pequena Miss Sunshine é lindo, engraçado, sensível. É exatamente o tipo de filme que me agrada. Barato, simples, mas muito verdadeiro. Não é piegas. Não é feito para arrancar lágrimas. Ao contrário, arranca risos em meio a dramas bem sérios. E comove naturalmente. Porque assim é a vida, uma alternância de risos, lágrimas, loucura, neuras. Mas no meio disso tudo existe algo que dá sentido, alimenta, ajuda a segurar a barra: a família. Pode ser uma família louca numa kombi rumo a um concurso de miss infantil ou a minha, ou a sua. É lindo, o filme é lindo! Desses, do Oscar, foi o único que vi. Tenho um pé atrás com filmes do tipo Infiltrados, que eu não duvido que deve ser bem feito em tudo mais. Mas não tenho muita motivação para assistir.</div>Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-75504328374844868362007-02-27T16:06:00.000-05:002007-02-27T16:11:40.232-05:00Eu detesto o horário de verão!Pra mim uma das coisas mais estúpidas que existe é o tal horário de verão...Acordo mais cedo, mas nem por isso vou dormir mais cedo...quem consegue jantar às 20 hs com aquele solão???? Aí a gente se engana: pensa que ainda é dia, quer aproveitar, acaba indo pra cama mais tarde, mas no outro dia não tem refresco não, tem que pular uma hora mais cedo da cama.Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-69576101817770544222007-02-23T05:42:00.000-05:002007-02-23T05:43:03.632-05:00Saída de emergênciaGosto de ter sempre uma saída, uma porta de emergência, uma janela para pular, sair à francesa, vazar, escafeder-me... Talvez por isso eu deteste aviões. Não dá para gritar “pára que eu quero descer!!!!”. Eis um dilema que sempre me persegue: fico ou não fico até o final? Quase sempre vou embora antes...O que isso quer dizer? Não tenho a menor idéia....As vezes ligo o botão da resignação. Fico com dó de mim e encaro até o final. Hoje, por exemplo, dei o azar de encarar uma quarta-feira “gorda” no São Francisco. Tinha que fazer compras: cheguei de viagem com a geladeira zerada. Parece que todo mundo teve a mesma idéia. Pior, era dia de ofertas e a sessão de “hortifruti” era um congestionamento só: trombadas de carrinhos, empurrões, esbarrões, filas...E eu pensando: “dou no pé ou não”. Fiquei. Resisti. Comprei. E na falta de um assunto melhor, escrevi esse textinho mixuruca enquanto espero a hora de almoçar....Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-18162546410139012032007-01-29T06:48:00.000-05:002007-01-29T07:03:16.395-05:00Carta ao PaiAcabo de ler Carta ao Pai, de Kafka. Um duro relato sobre o quanto o autor de sentiu oprimido, inferiorizado pelo pai. Veio desse sentimento, conta Kafka, a matéria-prima para a sua literatura. Os livros nada mais foram do que respostas a esse pai, verdades que ele não conseguir dizer diretamente. Já ouvi que a grande literatura nasce de algum tipo de sofrimento. Faz algum sentido. Talvez pela intensidade de sentimentos que a provém da dor. Talvez pelo mergulho interior que ela nos empurre. Talvez porque escrever alivie essa dor. O pai nunca chegou a ler a tal carta. E felizmente ela não foi destruída. É hoje um livro muito interessante não apenas para quem deseja compreender um pouco sobre Kafka. Esse depoimento nos dá a exata medida do poder que os pais exercem sobre os filhos. Somos espelhos para as crianças. Elas se vêem através de nós, os pais. A ânsia de educar não pode jamais suplantar a ânsia de amar. Filhos precisam se sentir amados. Senão, terão a auto-estima baixa, uma marca que pode aniquilar sonhos e potencial de realização. Veja o próprio Kafka. Ele jamais se libertou do sentimento de inferioridade impregando em sua vida pelo desdém e pelas duras palavras do pai durante a infância. Ele jamais se deu conta do seu valor, do legado que estava deixando à literatura.Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-43957115556228590202007-01-29T06:44:00.000-05:002007-01-29T06:48:20.798-05:00AniversárioFaço aniversário hoje: 35 anos. E estou feliz. Sou uma balzaca feliz. A vida me sorri. O dia hoje está chuvoso. Vejo o mar pela janela, uma imensidão prateada. Como isso é belo!Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-78942695294133196742007-01-29T06:28:00.000-05:002007-01-29T06:44:23.262-05:00Em busca do tempo perdidoUma das minhas promessas para este ano é ler, ler muito. Tantos livros quanto eu puder. E tirar o atraso dos últimos anos, tempo em que praticamente abandonei a literatura. Ano passado, em Curitiba, fiz duas oficinas literárias que recomendo. Uma no Solar do Rosário, com uma escritora chamada Isabem Furin. Muito generosa, Isabem compartilhou seu conhecimento e me ajudou a reencontrar a criatividade, duramente reprimida pelos anos de jornalismo. Escrevi alguns contos durante nossos encontros, no inspirador casarão do Lago da Ordem, pelos quais tenho um imenso afeto. Isso mesmo: afeto. Tenho carinhos por esses escritos, não pela qualidade literária que talvez eles sequer tenham. Mas por representarem um renascimento. Uma ponte para o território livre da ficção, coisa que me dá um prazer danado. Adestrada que fui para reproduzir a realidade, a verdade dos fatos, hoje percebo que a ficção é muito mais honesta e capaz de captar o real do que o jornalismo e sua pretensa imparcialidade. Mas isso, é assunto para outro post...<br />Outra oficina que fiz foi com o José Castello. Escritor e jornalista literário ele tem um conhecimento invejável sobre literatura. Entrevistou grandes escritores e conhece como poucos esse universo. Foram encontros muito interessantes. Reconheci o tamanho de minha ignorância literária, mas não tomo isso como algo negativo. Pelo contrário: estou feliz, porque me sinto madura para trilhar esse caminho e recuperar o tempo perdido. Por falar nisso, um dia ainda lerei Proust...Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-24764928992810934562007-01-26T09:03:00.000-05:002007-01-26T09:05:35.059-05:00InversãoCurioso como algumas coisas se invertem. Minha mãe veio me agradecer os conselhos conjugais que eu dei para ela. Disse que fizeram muito bem e surtiram efeito. Não deixa de ser engraçado... A relação entre pais e filhos muda com o tempo. Só o amor incondicional permanece.Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-42971158219399177812007-01-26T08:58:00.000-05:002007-01-26T09:03:04.541-05:00VínculoEstou me recuperando na casa dos meus pais. E isso é muito interessante. Voltar a ser filhinha. Eu, que agora só passo com eles alguns poucos dias durante as visitas, estou entregue aos cuidados de papai e mamãe. É um volta no tempo. Mas com um sabor diferente. Eles mudaram muito. Eu também mudei. Não é o mesmo lar da minha infância. Mas há um elo que ressuscita a intimidade e deixa tudo com um gostinho especial: o imenso afeto entre pais e filhos. Um amor diferente de todos, um amor incondicional. Ontem comi sopinha da minha mãe. Sopinha nova, de receita nova. Não é a sopinha da infância. Não tenho vínculos sentimentais com o passado. O que me faz um bem danado é o fato de comer uma sopinha preparada pela minha mãe. Meus queridos pais, que serão meus pais para sempre, em qualquer tempo ou lugar!!!!Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-16262305533291756782007-01-26T08:51:00.000-05:002007-01-26T08:57:56.433-05:00Esqueceram de mimFui esquecida no hospital depois de uma laparoscopia (aquela cirurgia com vídeo). O médico não apareceu para dar alta e eu fiquei lá, um dia inteiro a mais, sem medicamentos prescritos, louca para ir embora...A alta deveria ter sido dada no outro dia pela manhã. Só a noite descobrimos o motivo: o médico viajou e deixou uma colega engarregada dessa missão. Só que a dita cuja também viajou e esqueceu de mim! O outro médico que auxiliou na cirurgia também havia viajado. Os três foram para a praia, destino de quase todos os curitibanos nos dias de sol. Culpa minha: quem manda a desavisada marcar cirurgia para sexta-feira....<br /><br />Mas não fiquei fula da vida não. Estava tão feliz por tudo ter corrido bem, que o esquecimento causou um leve aborrecimento, ou nem isso. Integro o time das pessoas que têm medo de tudo o que me deixa impotente: isso inclui de avião a cirurgia com anestesia geral... Mas, encarei o medo e fui. Fiquei feliz. Foi um superação.Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-1167748853078864312007-01-02T09:21:00.000-05:002007-01-02T09:40:53.093-05:00Meu mundoLi outro dia que lá pelos 90 anos a avó do Saramago disse uma frase que ele jamais esqueceu: "tenho uma dó de morrer... o mundo é tão lindo...". Nesse segundo dia de 2007 não posso deixar de pensar na alegria de estar viva, nesse mundo tão belo...Sim, eu sei, tem as misérias, as guerras e tantas coisas que não compreendo. Mas ainda há mais coisas admiráveis. Não sou pessimista, não me vitimizo, não vivo reclamando. Acho que isso é uma escolha.Tampouco sou uma Polyanna, uma alienada. Mas acho mesmo que viver ainda é uma dádiva. E como acho linda essa palavra: dádiva!<br /><br />Agora, por exemplo, minha filha e meu sobrinho entram sorrateiros no quarto e me pregam um susto. Eu, que já tinha percebido a presença deles, enceno um sustão, com direito a um pulo na cama e cara de espanto. Eles caem na gargalhada. O mundo é ou não lindo?<br /><br />Se eu pudesse congelar a vida o faria agora. Acabo de passar o Natal e a passagem do ano com as pessoas que mais amo na vida: marido, filha, pai, mãe, irmãos, sobrinho...Todos aqui, vivos, com saúde...Não, não preciso escalar o Everest, ser presidente de empresa, conhecer o mundo... Eu já tenho o mundo!<br /><br />Nesse momento minha filha me pede o presente do natal do ano que vem...Essa menina pensa longe!!!! Quer um kit de espião, com binóculo, relógio comunicador e me pergunta de o Papai Noel vai conseguir fabricar os equipamentos, que ela sabe, são "modernos e dão muito trabalho"...Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-1166396992038217742006-12-17T17:57:00.000-05:002006-12-17T18:09:52.050-05:00Mundo a parteEstávamos num agradável restaurante com mesas no jardim, à sombra de árvores, quando ela apareceu. Sabe uma típia perua na faixa dos 60? Topete loiro, óculos maior que o rosto, bolsa com alça dourada, e muita, muita maquiagem? Eis que ela entra empurrando um carrinho-chique-de- bebê, atravessando o jardim sobre olhares atônitos. Desfilava sua ignorância e falta de contato com a realidade. No carrinho-chique-de-bebê, o nenê era um cachorro. Isso mesmo, ela levou para o restaurante um cachorro em um carrinho de bebê, com caminha cor-de-rosa dentro e outros mimos para o "netinho".<br />É impressionante, mas tem gente que trata bicho como gente. Até melhor. E tem gente que vive numa ilha como essa senhora, cujo dinheiro em excesso reverte-se em excentricidades como essas. Coisa de quem literalmente não tem o que fazer. E leva uma vida medíocre sem se dar conta...<br />De vez em quando recebo e-mails de pessoas que protegem animais. Até aí tudo bem, a intenção é boa. O problema é que são mensagens desesperadas, do tipo "salvem esse neném". O neném não é um dos tantos que vivem nas ruas, em baixo de viadutos ou em casas de papelão. Não são esses nenéns que pertubam essas pessoas. São os cachorros de rua, que vão "virar sabão" e não os meninos de rua que talvez não passem nunca da infância...<br />Isso me faz lembrar aquela música do Eduardo Dusek: "troque seu cachorro por uma criança pobre".... É isso!Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-1165870598570780222006-12-11T15:44:00.000-05:002006-12-11T15:56:38.583-05:00CegueiraEstava eu para uma compartilha de fim de ano na escola de minha filha de 7 anos. Em vez das tradicionais musiquinhas natalinas cantadas pelos pimpolhos com o intuito de levar os pais às lágrimas, me deparei com uma surpreendente apresentação, bem mais comovente. Um coral de meninos cegos, angolanos, que vieram ao Brasil há cinco anos para escapar da guerra e poder estudar. A alegria daqueles meninos é algo que desconheço. Uma alegria extraída de tanta adversidade. A música como forma de expressão, de contato com um mundo distante da pátria deles, um mundo novo, longe da família. Mundo que eles nunca viram, apenas sentem. Fiquei olhando para eles e pensando nessa vida estranha, com tantas realidades diferentes. Fiquei feliz por estar ali, por sentir aquela energia e entender que a vida vale apena. E quem é privado de algum sentido importante pode encontrar outro. Porque a vida não é um barco à deriva. Não para quem tem coragem de pegar o leme e encarar a tempestade. Cantores de Angola, esse é o nome do grupo.Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-1165669693953024662006-12-09T07:48:00.000-05:002006-12-09T08:08:13.963-05:00MudançaEm seis anos mudamos cinco vezes de casa. Foram três cidades. Quase sempre no fim do ano, como agora. Lá estou eu revisando tudo o que a vista não alcança. Coisas guardadas em caixas. Roupas que não saem há tempos das araras ou gavetas. E principalmente: papéis. Muitos papéis. Entre o veredito "vai para o lixo ou não vai" vou sendo atacada por lembranças persistentes. Não quero pensar no passado. Gosto de olhar para a frente, sempre. Mas toda véspera de mudança é assim, não tem jeito. As lembranças saltam das caixas a cada objeto fuçado. Fotografias perdidas, agendas antigas, cartas e tantas outras coisas que reavivam a memória. Sempre "reencontro" pessoas, gente que saiu da minha vida. Mas que ainda poderia estar nela, não fosse a distância. E vou percebendo como algumas coisas são circunstanciais. Algumas amizades permanecem, outras não resistem às mudanças. Não apenas físicas. Mas às mudanças da própria vida impõe em seu curso. Algumas eu gostaria de rever, outras não. <br />Quando a gente muda, dá vontade de ter pouca coisa. Dá vontade de desapegar-se. Ficar mais leve. É difícil saber o limite entre aquilo que realmente não precisamos e aquilo, que mesmo sem precisar, nos dão certo conforto emocional.<br />Uma poltrona, por exemplo, não é apenas uma poltrona gasta. É a poltrona onde amamentei a Bia.<br />Eu já me desfiz de muita coisa e tenho medo de ser negligente com minha história. Eu gostaria de ter desenhos, agendas de escolas, poesias que eu escrevia quando criança. Não sobrou nada para contar minha história de criança, um brinquedo sequer. Por isso, estou guardando os desenhos e a história escolar de minha filha...<br />Já me desfiz de muita coisa...a maioria dos meus discos em vinil, doei muita coisa que ainda gostaria de guardar, como livros e roupinhas de bebê porque achava que eles deveriam melhor utilidade do que alimentar os meus vínculos emocionais.<br />Enfim, mudar é bom, mas também é um árduo exercício de reencontrar o passado e livrar-se dele...Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-1161202166274360802006-10-18T14:58:00.000-05:002006-10-18T15:22:31.613-05:00Mãe zelosaBem cedo o grupo de mãe se despedia dos filhos – duas turmas da primeira série – que saíam para um passeio numa cidade vizinha. As crianças passariam o dia fora. Estavam eufóricas. Do lado de fora, enquanto o ônibus não partia, uma mãe puxava assunto: “bem que a gente poderia ir junto” “pior vai ser quando eles casarem”. O pobre só tem 7 anos e a mulher já sofre. Coitada da nora. Já vi esse filme. Minha sogra tem 5 filhos, homens. Nenhuma nora é boa suficiente para ela...mas isso já é outra história. E a mulher, não contente, ainda fez várias recomendações à professora.<br /><br />Acabo de ler o livro Dois Irmãos, do Milton Hatoum. E o que mais me marcou no livro foi a personagem Zana, mãe dos gêmeos. Ela elegeu um dos filhos como o preferido. Fez tudo por ele, num jogo emocional que aprisiona, impede uma criança de desenvolver o seu emocional, romper os laços com a mãe para crescer, viver. Tudo, em nome desse amor, ela fez para manter o filho por perto. Um sentimento destruidor. Não só esse filho, como o outro, e a filha, e o marido, o neto – todos os destinos foram profundamente alterados por esse excesso.<br /><br />Acho, sinceramente, que nada pode ser pior para uma criança do que uma mãe zelosa. Meu conceito de boa mãe exclui as muito cuidadosas. Acho que filho precisa de espaço para experimentar, para se desenvolver, pra fazer a transição necessária, para matar a mãe e poder crescer. Acho que foi Freud quem disse isso. Quando minha filha me questiona, me critica, faço meu papel de mãe, mas no íntimo fico orgulhosa. E admiro sua coragem, sua auto-confiança e fico feliz, porque reconheço um dedo meu nessa personalidade independente e segura.<br /><br />Conheço vários exemplos do estrago de uma mãe zelosa. Um jovem com problemas em relação a sua sexualidade, uma que tornou-se obesa porque a mãe, desde que ela era bebê, delira que a menina come pouco e a entope de comida...entre outros.<br /><br />Se tem alguém que pode causar um estrago na vida de um filho é a mãe. E creio que tão danoso quanto a ausência materna é o excesso.Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-1161031027735885082006-10-16T15:34:00.000-05:002006-10-16T15:37:07.750-05:00Rugas“Não acredito em quem nunca foi de esquerda e nem em quem continua sendo”. A frase é do Bussunda. Li há um bom tempo. Li quando ainda havia, ao menos aparentemente, uma distinção clara entre esquerda e direita. Eu devia estar na faculdade. E achava muito estranho, tinha preconceito, confesso, quando me deparava com um estudante assumidamente de direita. As pessoas legais, descoladas, cultas, despojadas, solidárias e divertidas eram de esquerda. Levamos para o DCE (Diretório Central do Estudantes) essa racha. Do outro lado estavam os conservadores, os chatos.<br /><br />Jovens costumam ser idealistas, inocentes. Querem transformar o mundo. São solidários. Românticos. Só a esquerda permitia cultivar essa utopia.<br /><br />Mas o tempo passa. A vida endurece. Perde a leveza. A crença na imortalidade acaba. Coisas bem mais “práticas” dominam a pauta. Trabalho, casamento, filhos. Sobrevivência. É o fim da ilusão.<br /><br />Tenho lido blogs de amigos, ex militantes do movimento estudantil, ex-eleitores de carteirinha do PT e afins, defenderem veementemente o anti-lulismo. Tão apaixonadamente como nos tempos em que eram cabos eleitorais do presidente.<br /><br />Não acho que foram os dólares na cueca e outros escândalos que provocaram essa mudança. Acho que ela aconteceria de qualquer jeito, tão naturalmente e certeira quanto os fios brancos e as rugas.Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-1160413953996653472006-10-09T12:00:00.000-05:002006-10-09T12:12:34.006-05:00Santa missaEu nunca acreditei, eu só não sabia que padres também não: "Adão e Eva são apenas uma parábola", disse um, em plena missa. Criticou a interpretação literal da Bíblia. Lembrou que ela foi escrita num tempo em que mulheres eram objetos de seus maridos. Objetos jogados fora, quando não houvesse mais serventia. Outro dia esse mesmo padre - nas entrelinhas que eu li em seu discurso - admitiu a teoria da evolução. E criticou o clero que ostenta o poder - o atual papa inclusive. E disse que as pessoas têm todo o direito de casar novamente. E que muitos casais, mesmo não tendo se casado na igreja, são mais abençoados por Deus do que outros que cumpriram direitinho o ritual católico. Porque Deus, segundo esse padre, não se submente ao clero. E falou recomendou o abraço, o afeto através do toque, como um poderoso remédio. E disse tantas outras coisas legais que eu, que sempre flertei mas nunca conseguir me fixar em igreja alguma por causa do preconceito, da arrogância católica, voltei no segundo domingo, e depois no outro e no outro. E minha filha de 7 anos, que sempre achou a missa um troço chato, também está curtindo. Fico perguntando até quando ele terá voz.Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-1160413090115580852006-10-09T11:40:00.000-05:002006-10-09T11:58:10.133-05:00Droga de cada diaEla esfrega sua miséria na cara dos bem nascidos. Arrasta-se suja pelas ruas, desdentada. Babando, literalmente. Xinga quem não lhe dá ouvidos, os que negam umas moedas para alimentar seu vício. Não deve ter famílias. Um barraco, um teto de papelão que seja. Um lugar para onde voltar depois da mendicância diária. Deve dormir na rua. Como tantos os que se ajeitam embaixo das marquises na Avenida Sete de Setembro. Nas frias madrugadas de Curitiba. Gente embaixo de jornais. De ralos cobertores. Gente ao relento. Um dia aqui, outro ali. Andarilhos desgarrados. Expatriados na própria pátria. Serão enterrados como indigentes. Ninguém se lembrará deles. Ninguém sequer os enxerga agora. Mas ela não. Ela não se faz invisível. Ela arreganha sua boca bangela e sua baba. Vocifera contra os que lhe dão as costas. Despeja sua raiva. Sua indignação. Ganha menos moedas dos que os outros, aqueles que poderiam-estar-roubando-mas-estão-pedindo (ou trabalhando)-no-semáforo. Ou ainda aqueles que distribuem amarelados papéizinhos resumindo sua miséria. Aqueles que trazem bebezinhos no colo para sensibilizar - ou culpar - os sortudos. Ela não. Já não espera piedade alheia. Simplesmente exige o que julga ter direito: uns trocados para comprar a droga de cada dia.Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-1160161781178615282006-10-06T13:54:00.000-05:002006-10-09T14:46:01.473-05:00InsensibilidadeNos semáfaros das grandes cidades todo o tipo de pedintes se aglomera diante dos veículos. Deficientes, desempregados, crianças, viciados, doentes. Em poucos segundos resumem suas tragédias para os motoristas. Ontem me abordou uma portadora de HIV com uma poesia na mão. Hoje um paraplégico. Forte, o sujeito tem pinta de quem pratica algum esporte. De vez em quando eu os vejo nesse mesmo cruzamento, são três ou quatro, com uma bola na mão. Pois hoje, quando um deles se aproximou, eu automaticamente estendi uma nota de um real. O cara ficou meio sem fala. Deve ter me achado grosseira, ou coisa assim. Crei que ele tinha um discurso pronto, queria não apenas pedir, mas ser ouvido. Eu abreviei o encotro. Estendi logo o dinheiro. Quis ser prática. Supus que que ele preferiria, pois teria tempo para se dirigir a outro motorista, aproveitando o mesmo sinal vermelho. Na hora, vi nos seus olhos uma certa frustração. Mas o cara engatou um discurso as avessas: me chamou de bonita, educada e disse vários elogios. Eu fiquei ali, sem graça, sorrindo, torcendo pelo verde redentor.<br />Por medo, desconcerto, a gente perde a sensibilidade. Outro dia cara me intimidou. Bateu olho no meu anel e ficou dizendo coisas do tipo "que anel lindo", "o maridão tá podendo" etc etc etc.<br />Mas hoje eu me senti muito mal dando aquela nota de um real. Talvez um sorriso sincero teria tido mais valia para o sujeito. Detesto falta de sensibilidade. Sobretudo a minha.Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31313309.post-1160008606653707322006-10-04T19:26:00.000-05:002006-10-04T19:36:46.656-05:00Hora marcadaPor quê o nome do serralheiro estava errado e o sujeito foi impedido de embarcar no avião da Gol? Para muita gente, apenas coincidência. Mas para muito mais gente ainda, tem um dedo divino nessa história. É impossível não ficar arrepiado diante de uma história dessa. É impossível não pensar no mistério que é a vida. O que faz 155 pessoas se juntarem no mesmo vôo da morte? Eu estudei como uma moça que morreu no acidente da TAM, há 10 anos. A Flávia, como eu, tinha acabado se formar. Estava noiva. Acabara de assumir um emprego bem bacana. Foi daquele momento em diante que eu senti a fragilidade da vida. Poderia ter sido comigo. Poderia ter sido com qualquer pessoa. Mas é melhor eu nem prosseguir. Quando destampo esse assunto tenebroso, a morte, meus temores se misturam à tristeza e sobretudo a impotência. Porque nada do que eu faça irá impedir que as pessoas que eu amo morram. Que eu morra. Mas será que a morte tem hora marcada? Foi por isso que o serralheiro escapou?????Falando em viagens...http://www.blogger.com/profile/00403458910955818484noreply@blogger.com0