terça-feira, novembro 18, 2008

Podia ser Bee Gees

Riobaldo, o sábio jagunço de Grande Sertão Veredas conclui que "toda saudade é uma forma de velhice". Ele tem toda razão. Tenho resitido ao pulso de não ser saudosista. Não entrar na onda "anos 80" que decretou a supremacia sobre as décadas seguintes, como se depois daqueles anos esquisitos tudo mais tivesse perdido a graça. Não se faz mais rock, não se brinca mais, a tv ficou comercial de mais e por aí vai...Será mesmo? Não sei, nem estou interessada. Quero apenas preservar minhas lembranças, sem julgamento pretencioso de uma geração para outra. Somente evocar minha memória afetiva, afinal, nos anos 80 eu era adolescente. Vivi meus amores, dores e descobertas. Agora, por exemplo, enquanto escrevo aqui, ouço The Cure. Nada é capaz de me trazer de volta o espírito adolescente do que essa banda, época em que ser dark era o máximo. Robert Smith, o perfomático líder de voz chorosa, lamentava a perda de uma garota e o fato de que garotos não choram. Ouvi "Boys don't cry" incansavelmente. Nada mudou. Eles continuam chorando menos do deviam, a gente mais do que devia. Mas não estou afim de entrar nas questões de gênero agora...Voltando ao Riobaldo, quando a gente começa a ter lembranças de 20 anos atrás, saudade do que passou, a velhice já começou a se instalar dentro de nós. Por sorte, ainda sinto um horizonte maior do que o aquilo que o meu retrovisor aponta. Conforta-me essa imagem, embora eu saiba que não há nenhuma garantia.
Sendo assim, posso ouvir The Cure em paz. Podia ser pior, podia ser Bee Gees...

Um comentário:

SÍLVIA OLIVEIRA disse...

Vixe! De vez em quando eu escuto Bee Gees! Será um sintoma... ou um alerta? hohohoho. Bjs!