quarta-feira, outubro 04, 2006

A pessoa é para o que nasce

Esse é nome do documentário - sem o ponto de interrogação - sobre as três irmãs cegas e cantoras. Nordestinas, pobres e cegas. Encontraram na música motivação para viver. Sobrevivem de esmolas. Cantam nas ruas. Moeda aqui, outra ali, vão ganhando o pão. "Atirei no mar, o mar vazou. Atirei na moreninha, baleei o meu amor". A voz afinada das três não me sai da cabeça. Nem a história, que virou filme. No meio da absoluta miséria, as três sofreram as agruras de milhões de brasileiros: fome, abandono, violência. E aprederam, sozinhas, a viver da arte. Não é incrível? Resignada, a mais velha repete: a pessoa é para o que nasce. Será mesmo? No caso delas, elas nasceram para ser cegas ou para serem cantoras? Se elas nada puderam fazer quanto a visão, por outro lado, foram muito mais longe do que o destino parecia ter lhes reservado. Sim, a pessoa é para o que nasce. Mas isso, definitivamente, não é obra do acaso.

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