segunda-feira, dezembro 11, 2006

Cegueira

Estava eu para uma compartilha de fim de ano na escola de minha filha de 7 anos. Em vez das tradicionais musiquinhas natalinas cantadas pelos pimpolhos com o intuito de levar os pais às lágrimas, me deparei com uma surpreendente apresentação, bem mais comovente. Um coral de meninos cegos, angolanos, que vieram ao Brasil há cinco anos para escapar da guerra e poder estudar. A alegria daqueles meninos é algo que desconheço. Uma alegria extraída de tanta adversidade. A música como forma de expressão, de contato com um mundo distante da pátria deles, um mundo novo, longe da família. Mundo que eles nunca viram, apenas sentem. Fiquei olhando para eles e pensando nessa vida estranha, com tantas realidades diferentes. Fiquei feliz por estar ali, por sentir aquela energia e entender que a vida vale apena. E quem é privado de algum sentido importante pode encontrar outro. Porque a vida não é um barco à deriva. Não para quem tem coragem de pegar o leme e encarar a tempestade. Cantores de Angola, esse é o nome do grupo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Puxa, que lindo! Passei por algo parecido numa visita guiada ao Museu Picasso em Málaga, cidade natal do artista. De repente a visita guiada ao MUSEU era feita junto com um grupo de cegos e nós -os visitantes "das vista boa" -íamos descrevendo o que viamos no quadro. Depois os cegos tentavam descrever outros detalhes da obra e acertavam tudo! Realmente lindo e impressionante!

Falando em viagens... disse...

Não há força maior do que aquela forjada na tristeza, ou numa adversidade. Não defendo o sofrimento, mas os exemplos de superação como esse mostram que aquilo que não derruba, realmente fortalece. A sensibilidade de alguém privado na visão é algo impressionante, emocionante.