segunda-feira, janeiro 29, 2007

Carta ao Pai

Acabo de ler Carta ao Pai, de Kafka. Um duro relato sobre o quanto o autor de sentiu oprimido, inferiorizado pelo pai. Veio desse sentimento, conta Kafka, a matéria-prima para a sua literatura. Os livros nada mais foram do que respostas a esse pai, verdades que ele não conseguir dizer diretamente. Já ouvi que a grande literatura nasce de algum tipo de sofrimento. Faz algum sentido. Talvez pela intensidade de sentimentos que a provém da dor. Talvez pelo mergulho interior que ela nos empurre. Talvez porque escrever alivie essa dor. O pai nunca chegou a ler a tal carta. E felizmente ela não foi destruída. É hoje um livro muito interessante não apenas para quem deseja compreender um pouco sobre Kafka. Esse depoimento nos dá a exata medida do poder que os pais exercem sobre os filhos. Somos espelhos para as crianças. Elas se vêem através de nós, os pais. A ânsia de educar não pode jamais suplantar a ânsia de amar. Filhos precisam se sentir amados. Senão, terão a auto-estima baixa, uma marca que pode aniquilar sonhos e potencial de realização. Veja o próprio Kafka. Ele jamais se libertou do sentimento de inferioridade impregando em sua vida pelo desdém e pelas duras palavras do pai durante a infância. Ele jamais se deu conta do seu valor, do legado que estava deixando à literatura.

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