domingo, agosto 13, 2006

Alienação

Um amigo meu, fanático por televisão, quando solteiro tinha dois aparelhos na sala, um na cozinha, outro no quarto. Eu achava aquilo um exagero, mas para ele estar permanentemente conectado à telinha era vital. Não preciso dizer que o cara é jornalista e trabalha em tv...

Eu não cheguei a esse estágio, mas já assinei dois jornais, aquela famosa revista semanal, e não perdia os principais telejornais – locais e nacionais. E também zapeava pelos noticiários da tv a cabo. Isso sem contar a tal revista eletrônica de domingo, aquela que se você não assiste fica com ar de desinformado nos bate-papos da segundona braba...

Eu devorava essa quantidade absurda de informação por dia porque achava que era meu dever não só de ofício, mas de cidadã. Acontece que de uns tempos para cá tudo isso começou a me parecer demasiadamente masoquista e inútil.

Não quero mais sofrer com as guerras que não posso impedir. Com a corrupção que já corroeu minha última esperança na classe política. Com a menina calculista que matou os pais. Com a violência que não tem fim porque tem origem nos problemas sociais.

Notícias, hoje, só as que de fato interessem a minha vida. O resto, passo batido. Economizo tempo para os livros, pesquisas, música e outros pequenos prazeres. Não quero mais viver, ou melhor, sofrer essa angústia impingida ao homem moderno pelo bombardeio de informações.

Cada vez mais entendo e prezo o silêncio. Seria isso alienação? Estou convencida que não...

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